Depois do sorriso do lagarto,chegou a hora da corneta. O negócio é cornetear. Não importa nada, nem ninguém. Se você espera um blog construtivo, politicamente correto, pois senta, e continua esperando. Aqui, olho no lance, a jogada é criticar e liberar o stress. Terapia é bom, mas cornetear, camaradas, não tem preço. Aliás, o blog é grátis, popular, e não precisa entrar na cota para ler. 

terça-feira, 7 de junho de 2011

A fábula do peru, o ovo e o caranguejo.

Era uma vez uma ave da família dos meleagridídeos que habitava a costa pacífica de nuestra hermosa América Latina.  Para os menos versados em ornitologia, indicamos que na maioria das vezes essa ave, Meleagris gallopavo, é aquela que se come na ceia de natal. Deveras, talvez a única vez que o brasileiro a vê ao longo do ano. Ressalte-se que o chester, como espécie, não existe. Trata-se de uma , segundo dizem, ave manipulada geneticamente. Um pássaro Frankenstein. Você já viu uma foto de um chester? Eu não.

Enfim, num belo dia o peru chegou a uma encruzilhada. Um momento capital na sua vida, já tão atribulada. Como toda ave latina, o peru passou por poucas e boas. Na verdade, muitas e ruins. Depois de algum tempo, o peru tinha se ajeitado na vida, tinha melhorado um pouco sua situação. Ajeitou a casinha, que estava por cair. Mandou as crianças para a escola, ainda que a escola, como sua casa, estivesse por cair. Montou um negocinho, vendendo bugigangas, e ia, como gosta de dizer humildemente, com aquele seu jeitinho tão peruano, “ salindo adelante”. 

Só que na vida do peru, como na dos papagaios,  vizinhos com os que compartilham a Amazônia, o peru chegou em um momento da sua rota em que uma encruzilhada o forçava a decidir se ia para a direita, ou para a esquerda. De um lado , à sua direita, viu um caranguejo e um monte de urubus. Do outro, à sua esquerda, apenas um ovo. Parou e imediatamente  ouviu o caranguejo:
- Ei, peru, está perdido? Vem comigo.
Os urubus reforçaram o coro do caranguejo, dizendo, não vai para o outro lado não. Esse ovo aí está  podre.  Vai te arrepender. O caranguejo insistiu, dizendo:
- Eu ando para trás, um caminho que você já conhece. Poderemos inclusive evitar alguns buracos nos quais caímos na vinda. Melhor ir para trás, com segurança de voltar ao ponto de partida, do que ir atrás desse ovo. Ninguém sabe o que vai sair daí de dentro.  

O peru, que não tinha botões, consultava suas penas. Pensava no que fazer. Seguir o caminho do ovo, que poderia não chocar nada, ou talvez mesmo uma espécie de ave de rapina que acabasse matando-o, ou ir para trás , ouvindo a voz dos urubus.  Dessa decisão dependeria o seu futuro. Lembrou-se então de uma conversa que tivera com seu amigo e vizinho papagaio, que contava um dia ter passado pela mesma situação e que quase seguiu os urubus. Olho para o caranguejo e disse:
- Prefiro ver o que vai sair desse ovo. Contigo, eu só posso ir para trás. Desse ovo pode sair um ave de rapina, mas também um beija-flor, que poderá ser campeão na Sapucaí. Quem sabe até mesmo um bicho como aqueles que deu uma melhorada boa na vida dos papagaios? Vai com os teus, caranguejo. Eu giro à esquerda.

E assim, o peru resolveu apostar no ovo, na esperança que dele, por milagre, nascesse um molusco cefalópode, pelágico, da ordem dos teutóides, e que os papagaios chamam lula. 

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