Depois do sorriso do lagarto,chegou a hora da corneta. O negócio é cornetear. Não importa nada, nem ninguém. Se você espera um blog construtivo, politicamente correto, pois senta, e continua esperando. Aqui, olho no lance, a jogada é criticar e liberar o stress. Terapia é bom, mas cornetear, camaradas, não tem preço. Aliás, o blog é grátis, popular, e não precisa entrar na cota para ler. 

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sobre o toque de recolher


As pessoas não mudam, a menos que façam um esforço sério, consistente e honesto para consegui-lo. Se você é um corneteiro incipiente, poderá referir-se ao pousti sobre o ovo de urubu e o colibri. Mas não precisa ser agora, viu, que o texto vai ficar lá, quietinho, paradinho, para ser lido com sabedoria, quando apeteça. Voltando então ao assunto de hoje, dizia que as pessoas não mudam. E os milicos então, esses, muito menos.

Alguns corneteiros dirão que milico não é pessoa. Eu não chego a este extremo, mas não por convicção, e sim por medo de represálias. Nesses dias, quando o secretário de saúde é assassinado, o presidente do cremers também, e o representante da delegação gaúcha em Brasília aparece morto no Paranoá, bueno, melhor ter cuidado. Precaução e Brahma extra bem gelada não fazem mal a ninguém. 

 Pois resulta que depois do terremoto que abalou o Chile - e que hoje disputa as capas de jornais do Brasil com a mais recente eliminada do BBB, que a essa altura já deve ter contrato com alguma publicação cultural para mostrar todo o seu talento, e enfim, dar a sua contribuição para o avanço e progresso do país – as pessoas afetadas seguem sem receber ajuda concreta do governo. Sem saber o que fazer, sem ter condições de dar ao povo chileno uma resposta, o governo recorre a essa medida arbitrária, nefasta, e que foi tão criticada durante a ditadura militar pela pseudo-esquerda que hoje administra o país: o toque de recolher.  

 Um abuso. Uma violência. O governo mobiliza 14 mil milicos, não para entregar comida, não para dar assistência aos feridos, aos desabrigados que perderam tudo, mas sim para proibir a população de circular. A situação beira o fantástico de um conto do Borges, não o centroavante do glorioso imortal, mas o escritor argentino. Ora, o princípio de um toque de recolher é que ninguém sai de casa, certo? Mas o que faz quem não tem casa? Ah? Pois é, a casa caiu, a criatura está na rua, e chega um milico e te interpela, assim como nesse diálogo que nos foi enviado por nosso correspondente em Concepción:

Milico: señora, señora, por favor, pare.

Señora: pero que pasa?

M: que hace usted aquí? Está prohibido estar en la calle.

S: pero señor, por favor, para donde voy?

M( já irritado,procura o cacetete): señora, las órdenes son claras. Después de las 6, hay que estar en casa, comprende? Para la casa, ahora!

S: pero señor, no tengo casa. La casa cayó, mi marido se murió.

M: señora, venga, queda detenida, vamos a la prisión.

S: pero señor, la prisión también fue destruída con el terremoto...(veja a foto acima)

M ( comunica-se com o chefe, pelo rádio): comandante, y ahora, que hago com la vieja? 

Pois é, as pessoas não mudam. Fico por aqui, que já soou o toque de recolher.

Um comentário:

  1. Buenas, acho que teremos assunto este ano... neste monento quase 13hs horario de Porto Alegre (que brasilia uscabau) e +- 17hs por ae. Acabo de ler sua corneteada, ainda pensando no chile e no mais recente abalo sismico em Taiwan... e vejo as medidas ineficazes dos Governos envolvidos, enquanto um ICEBERG navega sutilmente no sul da Autralia e a China e USA nunca chegam ao acordo de redução do aquecimento global. O Dunga mostra sua seleção p/ "Inglês Ver" e o zagueiro colorado mete uma baita bucha no Pato Abondanzieri... Alias acho que patos tem tendencia a serem colorados... Logo que o BNDES liberar o FINAME p/ alguns produtos meus apareço por ae...

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