Um dos talentos mais extraordinários do ser humano é a sua capacidade de inventar desculpas. A culpa nunca é nossa, apesar da evidência que está ali a desafiar-nos dizendo marotamente: e agora, como vais sair dessa? Pensemos então em Jim Sikes. Você sabe quem é? Pois ele foi notícia hoje, dá uma gugleada aí, se você é da geração gúgou. Pode até clicar no botão “hoje estou com sorte”. Mas faça-o logo, pois esse tipo de celebridade instantânea, estilo sal de fruta, logo perde o gás e já ninguém sabe quem foi, nem que fim levou, assim como ocorre com o Robin, o Celso Roth e o Jeremias, aquele que mata dez, mata mil, mata até o delegado “se ele for possível”.
Pois o Jim, ah o Jim, é um tremendo charlatão. Hoje, numa estrada californiana, ele realizava uma ultrapassagem e sentava o chinelo no seu Prius, aquele veículo transexual da Toyota, híbrido, esquisito, mas ecológico. O bólido cruza a estrada a 140 km/h quando ao longo Jim avista uma viatura. Ela sabia que estava frito, sentiria o peso da lei, pensou em fugir, mas lembrou-se de todas as cenas de perseguição policial que viu naqueles programas inúteis na TV a cabo, e reagiu: pegou o telefone e ligou pra polícia, que naquele momento já o perseguia. A conversa foi mais ou menos assim:
- Alô, polícia/ eu estou a 140 km/h na estrada, sou o carro esse que vocês estão seguindo, aqui pelo quilômetro 47.
- Senhor, pare imediatamente! Você está cometendo um delito e será preso e julgado por isso.
- Mas eu não posso! Não consigo parar!
- Como assim não pode? Senhor, pare imediatamente!
- Não dá, eu tenho um problema não carro, não consigo reduzir, frear, nada! e o meubrádio só pega AM...
- Oh shit, só AM. Senhor, por favor, a quem quer enganar com essa história?
- Mas não é balela, é quente! Escuta, eu estou dirigindo um Toyota Prius!
- Ah...um Toyota Prius, aquele do recall. Bom, nesse caso, não se preocupe, vamos dar um jeito.
E assim foi. Depois de enrolar descaradamente a polícia, ele não somente escapou de levar uma multa e ser preso, mas ainda teve seu minutos de fama e pensa até escrever um livro estilo: Prius, se meu carro parasse.
Pois é, a cousa foi mais ou menos assim. O fato é que o cara simplesmente aplicou que não conseguia controlar o carro, um modelo que deixou de ser o orgulho da empresa japonesa para ser a causa da vergonha e humilhação do grupo. A imagem do presidente do gigante japonês, Aiko Toyoda - se ligou no nome? – pedindo desculpa pelos defeitos técnicos no carro deu a volta no mundo e arranhou para sempre a imagem de qualidade total Toyota, que teve que fazer um “recall” de mais de 130 mil veículos. E de quebra, salvou o Jim.
Coisa interessante esse ricóu. A gente paga os olhos da cara por um carro e depois descobre que ele tem um defeito grave que pode causar acidentes fatais. Aliás, justiça seja feita, a Toyota não é a primeira em ter de fazer um ricóu. A Volkswagen fez um ricóu de alguns modelos pois havia uma falha no motor que podia causa nada mais nada menos que “chamas no local”. Chamas no local, em português corrente, quer dizer que o carro corre o risco de incendiar. Interessante também o caso do Fox, modelo que apresentava um problema no porta-malas que podia decepar o dedo da criatura. Inacreditável. Como curiosidade, vale mencionar o caso dos carros MacLaren, para bebê, que também foram motivo de um mega ricóu, mais de um milhão de unidades, pois o carrinho, bom, decepava os dedinho das criaturinhas. Imagine, o cara sai de casa com o seu Fox flamejante, pra passear com as crianças na redenção, e na mesma tarde de domingo ele fica sem dedo, o filho também, e a mulher sem a bolsa, pois o arrastão pegou.
Corneteiro antenado já sabe: na próxima vez qem que a coisa estiver feia, e você pensar que está sem saída, lembre-se do Jim. E aí, ricóu neles.
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