A produção científica atual caracteriza-se por uma profusão de estudos totalmente inúteis ou, no melhor dos casos, questionáveis. Basta dar uma olhada, por exemplo, nas teses de mestrado e doutorado que são publicadas e cujos títulos vão do estapafúrdio, como “a influência do plâncton na reprodução de moluscos nas costas do Tuvalu” ao estrambótico, como “A (con)vivência do cliente frente à Disfunção Erétil: uma contribuição da sociopoética para o cuidado de enfermagem no perioperatório”. Não, não é gozação, você pode encontrar esse texto no site www.dominiopublico.gov.br. Há muitos outros igualmente interessantes.
Eis que então surge finalmente uma publicação científica de grande valor. Refiro-me ao estudo da doutora Louann Brizendine sobre o cérebro masculino. Nesta obra, intitulada The Male Brain, a doutora conclui que, no fim das contas, não se pode culpar o homem por ser um homem. Ela admite que as mulheres fazem isso desde o princípio da história, ainda que segundo conste, Adão não tinha outra mulher para observar – mas pode que o Dan Brown, aquele do código, tenha evidência sobre o tema. Entretanto, após estudar o cérebro masculino, ela nos isenta de toda e qualquer culpa e conclui, cientificamente, que as mulheres não tem razão quando reclamam de nós.
A doutora conclui que a área do cérebro masculino chamada “área espelho”, a que serve para entender como a outra pessoa se sente, é menor. Assim, é normal quando nós não entendemos o que as mulheres querem dizer. Explica-se nossa cara de paisagem quando elas querem discutir a relação. What?
Ela acrescenta que a área do cérebro que corresponde à busca do prazer sexual é quase 3 vezes maior no homem. Conclui que isso torna “impossível ao homem para de pensar no corpo feminino e em ter relações sexuais’. Finalmente, Brizendine comprova que nós somos incapazes de não olhar para outras mulheres, já que os circuitos visuais do nosso cérebro sempre estão a buscar “ fêmeas férteis”. Assim, companheira leitora, não há razão para dar um beliscão no seu marido/amante/ficante/companheiro/namorado quando ele der aquela olhadinha para o lado. Segundo uma doutora, especialista, isso é “a resposta mais natural do mundo” e o nosso cérebro está programado para isso. Ela diz que, mesmo que não exista nenhum intenção de parte do indivíduo, ele tem de checar o material, no texto original “check out the goods”.
A Corneta regozija-se com a publicação dessa obra, que deve tornar-se leitura obrigatória na escola, na universidade, inclusive para o pessoal da quota, pois assim evitaremos muitas discussões entre casais, separações, divórcios, brigas, pelejas, arranca-rabos, enfim, muito barraco e baixaria seria evitado. Quem sabe até a louca do “Pedro me dá o meu chip” teria evitado semelhante mico, na verdade um King Kong, se conhecesse a obra da gloriosa doutora Brizendine.
Um estudo científico que diz que não se pode culpar um homem por agir como um homem, realmente isso sim é uma contribuição para a humanidade. Mulheres, a ler, e a desculpar-se, claro. Companheiros: ide e divulgai a boa nova.
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